Profissional comenta algumas das principais dúvidas relacionadas ao uso do fio dental
Usar o fio dental é eficaz ou não? Essa pergunta sempre surge em consultórios odontológicos e em discussões sobre saúde bucal.
Uma pesquisa norte-americana, divulgada há alguns anos, gerou polêmica ao afirmar que não existiam evidências científicas robustas que comprovassem os benefícios diretos do fio dental na prevenção de doenças bucais.
O resultado surpreendeu muita gente e levou a uma onda de debates. Afinal, se escovar os dentes já é suficiente, por que insistir no uso diário do fio dental?
O dentista Paulo Nacarato, que atua em São Paulo há mais de três décadas, garante: o fio dental é um aliado indispensável na rotina de higiene.
Segundo ele, mais importante do que questionar sua eficácia é avaliar como ele está sendo utilizado. “De nada adianta usar o fio de qualquer jeito. O benefício aparece quando a técnica correta é aplicada”, explica.
Como usar o fio dental corretamente?
A recomendação parece simples, mas muitos pacientes acabam cometendo erros básicos. O ideal é retirar cerca de 40 centímetros de fio, enrolando a maior parte em um dos dedos médios e uma pequena parte no dedo da mão oposta, de forma que sobre centímetros livres para a limpeza.
Em seguida, deve-se deslizar suavemente o fio entre os dentes, levando-o até a linha da gengiva. “É essencial fazer um movimento de ‘abraço’ em cada dente, acompanhando suas curvaturas. Assim, conseguimos remover os restos de alimentos e a placa bacteriana que ficam acumulados nos espaços interdentais”, explica Nacarato.
Outro ponto de atenção é a pressão aplicada. Forçar demais pode causar cortes e retrações gengivais, enquanto usar pouca pressão não remove adequadamente os resíduos. Além disso, é importante trocar a parte do fio a cada dente, evitando espalhar bactérias de um espaço para outro.
Qual fio dental escolher?
Com tantas opções nas prateleiras das farmácias, é natural que surjam dúvidas. Há fios de nylon (com ou sem sabor, encerados ou não) e fios de PTFE (monofilamento).
- O nylon é multifilamento, o que significa que pode desfiar com mais facilidade. Em compensação, por se abrir em filamentos, aumenta a superfície de contato, o que pode melhorar a remoção da placa.
- O PTFE é mais resistente, desliza com mais facilidade entre os dentes apertados e dificilmente se rompe.
No fim, ambos cumprem sua função, e a escolha depende mais da adaptação e do conforto de cada pessoa. Há ainda os fios com sabor, que podem tornar a experiência mais agradável, especialmente para crianças e adolescentes, incentivando o desenvolvimento do hábito da higiene bucal.
Antes ou depois da escovação?
Essa é outra dúvida muito comum. Para alguns especialistas, não importa a ordem, contanto que o fio dental seja usado diariamente. Já outros, como Nacarato, defendem que o ideal é utilizá-lo antes da escovação.
Isso porque o fio atua como uma espécie de “pré-limpeza”, removendo restos de alimentos e placas em áreas de difícil acesso. Na sequência, a escova e o creme dental conseguem agir de maneira mais eficaz, varrendo os resíduos que já foram soltos.
Fio dental e sangramento gengival
Muitas pessoas desistem do fio dental porque percebem sangramento na gengiva ao usá-lo. No entanto, esse sintoma deve ser visto como um alerta. Segundo o especialista, o sangramento pode ter duas causas principais:
Uso incorreto, com excesso de força ou a presença de inflamação gengival (gengivite), causada pelo acúmulo de placa e tártaro. Ou seja, se a gengiva sangra, não é motivo para abandonar o fio, mas sim para procurar ajuda profissional.
“A gengiva saudável não sangra. Se isso está acontecendo, é preciso investigar a causa e corrigir antes que evolua para doenças mais sérias, como a periodontite”, ressalta Nacarato.
Mitos e verdades sobre o fio dental
Além das dúvidas mais técnicas, existem também diversos mitos em torno do fio dental:
- “Escovar bem já é suficiente.”
Falso. A escova não consegue alcançar os espaços entre os dentes de forma eficiente. Esses locais representam cerca de 40% da superfície dental, portanto, ficam descobertos sem o uso do fio. - “O fio dental pode afastar os dentes.”
Falso. Quando usado da forma correta, ele não provoca afastamento nem prejudica o alinhamento. Pelo contrário: ajuda a manter o espaço livre de resíduos que poderiam comprometer a saúde da gengiva. - “Somente adultos precisam usar fio dental.”
Falso. O hábito deve ser estimulado desde cedo, ainda na infância, sempre com a supervisão dos pais. Isso ajuda a criar uma rotina de cuidado que se estende pela vida adulta.
O fio dental no dia a dia
Além de ser um item barato e acessível, o fio dental é fácil de transportar e pode ser usado em qualquer lugar, mesmo fora de casa. Carregar um na bolsa ou mochila pode ser útil após refeições, especialmente quando não há possibilidade de escovar os dentes imediatamente.
Seu uso regular está diretamente relacionado à prevenção de cáries, de gengivites, do mau hálito e do acúmulo de placa. Ao somar o fio à escovação correta e ao uso de enxaguante bucal, o paciente garante um tripé de proteção bucal eficiente.
A importância da consulta odontológica
Apesar de o fio dental ser um recurso eficaz, ele não substitui a necessidade de consultas periódicas ao dentista. Somente o profissional pode identificar problemas em estágio inicial, realizar um check-up completo, limpezas profundas e orientar o paciente quanto à técnica mais adequada ao seu caso.
“Quando o paciente mantém a rotina de fio dental, escovação adequada e visitas regulares, conseguimos não apenas evitar doenças, mas também preservar a estética do sorriso por muitos anos”, conclui Nacarato.
Quer agendar uma visita ao dentista e deixar sua saúde bucal em dia? Entre em contato!